quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Papel de Desejos

Há sensivelmente 10 meses (mais dia, menos dia), a poucos dias de entrar em 2008, alguém me ensinou a escrever num papel os 12 desejos para o novo ano, que deveriam ficar guardados até ao final do ano, quando voltaria a tirar o papel da carteira para ver o que tinha cumprido e aquilo em que tinha falhado.

Pois, "deveriam", "voltaria"... Porque hoje, ao remexer na carteira, encontrei o papel e abri-o. Não por curiosidade, pois sabia muito bem o que lá havia escrito. Abri-o porque tinha a perfeita noção de que o meu "papelinho dos desejos para 2008" não passava de um fracasso, um espalhanço a todo a linha. E quanto mais tarde o abrisse, mais tarde ia encarar essa verdade. Em 12 desejos, só 2 ou 3 se mantinham de pé. Mau demais!

Por isso mesmo, quebrei as regras do jogo, não esperei até ao final do ano e voltei a fazer um novo papel, com novos desejos. Desta vez só espero que o papel de desejos não se transforme num papel de fracassos...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Estou cansado, de olhar, para o além
Sem te conseguir vislumbrar.
Onde paras?
Que não te consigo encontrar?

Esta dor, dilacerante,
Sem jeito.
De pulsar constante
Dentro do meu peito,
É intolerante.

Quero libertar-me...
Despojar-me
De tudo o que sinto.

Coloquei o meu canto...
Em palavras que traço
De cores,
Em telas cinzentas
De pranto.

O pássaro,
Que braceja, no ar,
onde plana...
Leva a minha dor
de amor!

E no alto-mar,
Onde ela se espoja
Em ondas,
De vai e vem constante,
Liberta-se esta dor,
Do meu interior.

E no vento, que passa
Em assobios arrepiantes,
Choro os meus fados.

Sinto-me tão sozinho!
Tão pequenino!
Como, aquando na barriga da mãe.

Só que aí era tão desejado...


Augusto P.Gil